Por mais profissionalizada que esteja a política, por mais elevada que seja a opinião pública em resultado de debates, campanhas e comentadores credenciados, que são fazedores de opiniões individuais, não é fácil partilhar um espaço de comentários, como este, sem deixar de fora, nem que seja de raspão e em breves notas, o tema das eleições recentes, que deram a vitória ao PSD, abrindo portas a uma governação portuguesa, que não será fácil, nem milagrosa.
A austeridade está anunciada e a cair-nos nos braços duma forma já palpável.
Depois do derrube do governo, em razão da aliança negativa das forças parlamentares, era expectável esta vitória do partido da oposição adversário e com maior implantação territorial. Ganhou assim o partido laranja, não tanto pelo mérito das propostas apresentadas, ou por acreditar-se em soluções imediatas que resolvam a situação de asfixia financeira do país, mas sobretudo, pelo demérito das políticas de austeridade e impopulares, que o anterior governo de Sócrates, vinha assumindo.
Como é recorrente dizer-se também, ganhou novamente o “partido da abstenção” que é presságio, entre outras coisas, do desinteresse do direito-dever de participar na causa pública.
Cara nova à frente dos nossos destinos, Passos Coelho não terá muito tempo para lamentações ou hesitações, sendo forçado a agir de acordo com os prazos negociados com os credores, já que o poderoso FMI não dará tréguas ao que ficou previamente acordado.
Na Graciosa, os dois partidos citados ganharam, ou seja, o PSD, e ainda com maior percentagem, a abstenção.
Houve por aí uma caravana de apitos pelas ruas da ilha, troando aos ventos uma leviana alegria, tão leve como o número dos veículos que a levavam de sumiço na noite.
Uns ganham, outros perdem, e a vida continua com as suas circunstâncias.
Felizmente nesta semana verifica-se a coincidência da associação de 2 feriados que aliviam as nossas rotinas profissionais. Sabe bem e dá oportunidade à liberdade de outros afazeres ou o de explorar prazeres emergentes. Nem todas as actividades têm esse privilégio, mas aos que a gozam, que o vivam o melhor possível.
10 de Junho, dia de Portugal e 2ª feira de Espírito Santo, dia da Autonomia, são datas que simbolizam factos notáveis da vivência colectiva, preenchidos por cerimónias nas quais se convocam para o nosso olhar atento, personalidades que se distinguiram em factos e acções de destaque.
De entre essas Instituições e pessoas, para receber a medalha autonómica de mérito cívico, foi chamado a título póstumo, António Félix Moniz, mais conhecido por António Faroleiro, um graciosense por opção, já que aqui labutou pela vida, emprestando as suas capacidades de energia aos comandos das lanchas baleeiras, uma actividade de valioso suporte económico para muitas famílias, como ainda prestou um valoroso serviço de socorro, em situações de emergência, para sair da ilha quando o mar era a única estrada aberta, e os meios, parcos e débeis.
Na pessoa deste homem de peito aberto ao serviço do seu semelhante, se simboliza uma merecida homenagem à notável coragem, que outros também fizeram
As insígnias valem o que a memória guarda, mas a ilha deve-lhes ainda um enorme respeito.
Graciosa, 8 de Junho de 2011
Maria das Mercês