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Rádio Graciosa


20 julho 2016

Artigo de Opinião de João Costa intitulado “Graciosa outra vez adiada”

Na passada semana, estiveram em discussão duas propostas importantes para a Graciosa.
Numa dessas propostas era sugerida a criação de um segundo triângulo de transportes marítimos que fizesse a ligação entre a Graciosa, Terceira e S. Jorge. Na outra proposta pedia-se que a ilha Graciosa integrasse a “linha lilás” da Atlanticoline que liga as ilhas do Faial, Pico, S. Jorge e Terceira.
Qualquer uma destas propostas são desejos antigos da Graciosa. Qualquer uma destas propostas já foi defendida pelo Conselho de Ilha, pela Câmara Municipal e pela Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa. Pode mesmo dizer-se que 99,9% dos habitantes da ilha Graciosa são a favor destas propostas e entendem que a sua concretização é fundamental para ajudar a quebrar o crescente isolamento da ilha em relação ao todo regional e, em especial, ao Grupo Central de que faz parte(?).
Só não se pode dizer que estas propostas são apoiadas por 100% dos residentes na Graciosa porque há dois deputados, eleitos nas listas do PS, que residem na ilha, mas que votaram contra estas propostas no parlamento regional.
É uma posição incompreensível que não tem justificação possível e que, de forma muito séria, aumenta o distanciamento entre a população da ilha e os seus representantes eleitos.
Durante anos, a ilha Graciosa tem reivindicado melhores transportes. Durante anos as autarquias da ilha, o seu Conselho de Ilha e diferentes partidos políticos insistem para que a Graciosa possa integrar uma rede eficaz de circulação de pessoas e bens no Grupo Central que permita ambicionar o regresso de algum dinamismo económico que ajude a criar economia, emprego e fixação de pessoas. Nos últimos anos, o partido que sustenta o governo regional, há já 20 anos, prometeu aos graciosenses a criação de um verdadeiro mercado interno para cumprir esse desiderato. Mas na hora de concretizar medidas que levem a essa realidade, essas medidas são reprovadas de forma escandalosa pelo partido socialista, com a indiferença dos seus dois deputados residentes na Graciosa.
Perante a insensatez desta atitude cresce a desilusão dos graciosenses com a política e com o recorrente adiamento das promessas que se repetem de 4 em 4 anos. Agora, dizem, só quando a região adquirir mais dois navios, num negócio que ainda espera luz verde dos fundos comunitários e que, caso venha a ser autorizado, só será concretizado lá para 2020, só então é que a Graciosa virá a integrar uma rede de transportes marítimos que possa satisfazer as suas legítimas ambições, o que vem demonstrar, mais uma vez, que este poder de 20 anos volta a adiar a Graciosa e a ser responsável pelo esvaziamento da ilha, o declínio da sua economia e o contínuo retrocesso na coesão regional.
Os últimos 4 anos revelaram-se trágicos para a Graciosa. A ilha perdeu mais população, a sua economia vai decaindo um ano após o outro e com a presente crise na agricultura e nas pescas era obrigatória a adopção de medidas que pudessem contrariar esta tendência.
A única certeza que resulta de tudo isto é que o actual poder promete mais 4 anos de adiamento para que a Graciosa possa ambicionar melhores dias.
Este ano, voltam os açorianos e graciosenses a escolher os seus representantes no parlamento regional. Durante este verão, voltam a ser repetidas as promessas que andamos a ouvir há já uma geração, e voltam os representantes do poder a deambular por festas e touradas de sorriso rasgado a prometer tudo o que até aqui não fizeram.

Os graciosenses dirão o que querem!

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