Na passada semana, estiveram em discussão duas propostas
importantes para a Graciosa.
Numa dessas propostas era sugerida a criação de um segundo
triângulo de transportes marítimos que fizesse a ligação entre a Graciosa,
Terceira e S. Jorge. Na outra proposta pedia-se que a ilha Graciosa integrasse
a “linha lilás” da Atlanticoline que liga as ilhas do Faial, Pico, S. Jorge e
Terceira.
Qualquer uma destas propostas são desejos antigos da
Graciosa. Qualquer uma destas propostas já foi defendida pelo Conselho de Ilha,
pela Câmara Municipal e pela Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa.
Pode mesmo dizer-se que 99,9% dos habitantes da ilha Graciosa são a favor
destas propostas e entendem que a sua concretização é fundamental para ajudar a
quebrar o crescente isolamento da ilha em relação ao todo regional e, em
especial, ao Grupo Central de que faz parte(?).
Só não se pode dizer que estas propostas são apoiadas por
100% dos residentes na Graciosa porque há dois deputados, eleitos nas listas do
PS, que residem na ilha, mas que votaram contra estas propostas no parlamento
regional.
É uma posição incompreensível que não tem justificação
possível e que, de forma muito séria, aumenta o distanciamento entre a
população da ilha e os seus representantes eleitos.
Durante anos, a ilha Graciosa tem reivindicado melhores
transportes. Durante anos as autarquias da ilha, o seu Conselho de Ilha e
diferentes partidos políticos insistem para que a Graciosa possa integrar uma
rede eficaz de circulação de pessoas e bens no Grupo Central que permita
ambicionar o regresso de algum dinamismo económico que ajude a criar economia,
emprego e fixação de pessoas. Nos últimos anos, o partido que sustenta o
governo regional, há já 20 anos, prometeu aos graciosenses a criação de um
verdadeiro mercado interno para cumprir esse desiderato. Mas na hora de
concretizar medidas que levem a essa realidade, essas medidas são reprovadas de
forma escandalosa pelo partido socialista, com a indiferença dos seus dois
deputados residentes na Graciosa.
Perante a insensatez desta atitude cresce a desilusão dos
graciosenses com a política e com o recorrente adiamento das promessas que se
repetem de 4 em 4 anos. Agora, dizem, só quando a região adquirir mais dois
navios, num negócio que ainda espera luz verde dos fundos comunitários e que,
caso venha a ser autorizado, só será concretizado lá para 2020, só então é que
a Graciosa virá a integrar uma rede de transportes marítimos que possa
satisfazer as suas legítimas ambições, o que vem demonstrar, mais uma vez, que
este poder de 20 anos volta a adiar a Graciosa e a ser responsável pelo
esvaziamento da ilha, o declínio da sua economia e o contínuo retrocesso na
coesão regional.
Os últimos 4 anos revelaram-se trágicos para a Graciosa. A
ilha perdeu mais população, a sua economia vai decaindo um ano após o outro e
com a presente crise na agricultura e nas pescas era obrigatória a adopção de
medidas que pudessem contrariar esta tendência.
A única certeza que resulta de tudo isto é que o actual
poder promete mais 4 anos de adiamento para que a Graciosa possa ambicionar
melhores dias.
Este ano, voltam os açorianos e graciosenses a escolher os
seus representantes no parlamento regional. Durante este verão, voltam a ser
repetidas as promessas que andamos a ouvir há já uma geração, e voltam os
representantes do poder a deambular por festas e touradas de sorriso rasgado a
prometer tudo o que até aqui não fizeram.
Os graciosenses dirão o que querem!