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Rádio Graciosa


25 maio 2016

Estamos em último – não digas nada!

Por vezes somos obrigados a repetir, à saciedade, que o Governo é que é dos Açores e não os Açores que são do Governo!
Vem isto já na sequência do que havia escrito na passada semana sobre as teses pré-eleitorais do partido no poder de que, quem fala mal do governo, quem critica ou denuncia insucessos, quem exige mais e melhor e não gosta de ver as ilhas a apresentar maus resultados está a falar mal dos Açores!
Se nos bastasse a referência de um ou outro articulista a quem tenha sido oferecida uma viagem pelas belezas das ilhas e que depois publica que somos o melhor lugar do mundo. Se isso fosse determinante para fixar jovens na sua terra, para termos cuidados de saúde exemplares, para sairmos da cauda dos indicadores sociais ou para demonstrar pujança económica e coesão territorial, andávamos todos encantados da vida a saborear os sucessos das políticas socialistas. Mas isso apenas basta a uma determinada elite do poder, dele dependente na sua caminhada social, e que recorre ao argumento estafado e absolutista de que, quem não está com eles, está contra todos e, melhor ainda, não está cá a fazer nada.
Todos já sabemos que assim é e que isso serve apenas para distrair atenções, para intimidar críticas ou denúncias, queixas ou descontentamentos, pois que quem critica e exige melhor não gosta da sua terra, das suas gentes ou dos seus vizinhos, e o melhor é acomodar-se, calar-se e contentar-se com o que tem.
Um verdadeiro garrote a qualquer oposição, seja política, ideológica, ou comercial, ao querer defender uma comunidade, uma ideia ou um negócio.
A confirmar este rebuço que se arroga estar do lado da realidade dos Açores, das pessoas, e das suas verdadeiras vivências foi publicado, no passado dia 19 de Maio, um estudo realizado pela
primeira vez nos Açores, que tem como objectivo “medir o posicionamento e a evolução do desenvolvimento de cada ilha no contexto regional, entre 1980 e 2010, nas vertentes económica, social e ambiental”. O estudo é do serviço de estatística dos Açores, tutelado pelo poder regional, quem sabe, assim, não nos acusam de inventar.
Um dia depois, um destacado dirigente socialista da ilha Graciosa, reafirma a tese do poder com 20 anos de que quem se atreve a falar mal do governo está a falar mal dos Açores e o melhor é ir criticar para outro lado.
Mas não reparou o empenhado dirigente que, na véspera, o referido estudo mostra a ilha Graciosa, a sua ilha, como a pior de todas em todos os indicadores sobre o desenvolvimento dos Açores. E se nas décadas de 80/90 a Graciosa ainda ia superando, aqui e ali, o Corvo ou mesmo S. Jorge, a partir de 2000 a Graciosa passou para último lugar “num modelo conceptual que aborda a questão da coesão territorial (processo de promover um território mais equilibrado e coeso) nas três vertentes ou dimensões de análise da coesão previstas na Estratégia Europa 2020, isto é, Competitividade/Eficiência Económica (Smart Growth ou Qualitative Islands), Inclusão Social (Inclusive Growth ou Equal Opportunities Islands) e Sustentabilidade Ambiental (Sustainable Growth ou Green Islands).”, ou seja, em 2010, últimos em tudo!
É triste ter de ver o quanto se tem perdido em oportunidades de melhorar a nossa terra. A isso soma-se a tristeza por ainda haver quem, tendo tido o poder de mudar, quer apenas obrigar a que nada mude!

O estudo citado pode ser consultado em: http://estatistica.azores.gov.pt (Indicador Compósito de Desenvolvimento Intra-Regional).

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