Desde há já muitos anos, que o Tribunal de Contas vem alertando e recomendando por causa das opções seguidas pelo
poder nos Açores e fazendo reparos para a atenção que o Governo Regional lhe
dava e que era pouca ou nenhuma.
Desde, pelo menos, os tempos em que Vasco Cordeiro se abeirou do Governo
Regional e, em especial, desde que Sérgio Ávila se apoderou das finanças regionais que o Tribunal de Contas, a que se
junta um coro mais ou menos uníssono das oposições, vem divulgando isto das dívidas, avales, uma teia de empresas regionais,
sociedades de participação para tudo o que mexe - ou outras tantas formas de
comprar o substrato do poder em que se consubstancia o voto daqueles que se
mostram cada vez menos iludidos com esse poder - que, em vinte anos deixou os
Açores com os piores indicadores sociais de um país já de si em muito má conta em termos Europeus.
Gastaram-se milhares de milhões
de euros a sustentar dependências e a criar uma elite incompetente que só se revê neste estado de coisas enquanto se mantém agarrada a uma
qualquer fonte de poder e desde que do seu exercício preste contas a uma direcção
que ignora o mesmo Tribunal de Contas, menospreza as oposições e consome o poder
informativo contando, aqui e ali, com a benevolência crítica de quem também se conforma com a
falta de meios
para subsistir
sem a mão por vezes (pouco)
amiga do poder.
São já muitos anos, e são
tantos mais quantos os
que o
poder se foi consolidando num ciclo vicioso quadrianual que se reflecte num
repetente aviso dos pareceres do Tribunal de Contas, também ele tratado nos
Açores pelo poder regional do partido socialista como uma força de bloqueio,
numa perpétua
conspiração contra a bondade de quem faz o que pode nessa terrivelmente difícil tarefa de governar 250 mil pessoas.
E na medida em que se avolumam os anos desta teia regional de poderes
espalhados pelas empresas regionais, pelas instituições, e pelo Estado Regional
dominado por boys e girls do aparelho socialista regional, consolida-se a
normalização da incompetência.
Alguém conhece algum dirigente do poder nos últimos anos que mesmo demitido não tenha tido à sua espera um outro
lugar? - para o qual, dizem, sempre esteve
talhado, apesar de nunca ter demonstrado sucesso por onde passou antes de subir
um novo degrau,
mas
depois de ter descido
outro
patamar na escadaria do poder regional socialista?
Alguém
que tenha deixado o lugar que desempenhou de tal forma mal que não mais merece
continuar, mas que depois encontra poiso numa qualquer instituição dependente
do mesmo poder parece não chocar, mas tornou-se também numa outra consequência do poder pelo
poder, durante duas décadas para benefício de alguns e manutenção
de níveis de dependência de outros.
Em vinte anos de poder, encontrar quem tenha já dançado de cadeira em cadeira, de lugar em lugar,
ressuscitando de conflitos de poder internos, de ajustes de contas caseiras, de
mais e de menos perfil para este ou aquele lugar, de utilidade neste e noutros
sentidos, é um
exercício fácil e repetitivo, tal como são as recomendações
feitas por outros que encontram sempre o muro de sabedoria oficial, talentoso
na retórica brejeira e convencido da sua inevitável capacidade de ter razão mesmo que a realidade
demonstre o contrário.
São já duas décadas a acumular
recados que nunca são bem o que parecem e a alimentar vícios que sustentam uma ideia de exercício do poder baseada apenas na sua manutenção!
Que o novo ano nos traga uma nova forma de governar!
Feliz
2016!