Durante esta semana, são discutidos e votados os planos e
orçamentos anuais do Governo Regional e da Câmara Municipal de Santa Cruz da
Graciosa.
Estes documentos tornaram-se um mero cumprir de calendário,
que se revela mais como um calendário eleitoral do que propriamente o programar
do investimento público com vista ao desenvolvimento de uma comunidade que,
neste caso, corresponde a uma ilha.
Os Graciosenses já se habituaram a esta forma de governar
para o calendário eleitoral. Não é a primeira vez que faço esta denúncia, mas
poderá ser uma das últimas já que estamos perante o último plano anual da
legislatura regional e o penúltimo do mandato camarário.
Este é um facto cada vez mais notório na política regional,
em que o poder se concentra no partido socialista, que criou esta gestão de
expectativas numa já forma corriqueira de ir vivendo em campanha eleitoral,
durante três anos, até à chegada do ano eleitoral em que, novamente, assume a
campanha que andou a gerir durante os anos anteriores.
Se há ilha em que isso se tornou um "caso de
estudo" é a ilha Graciosa.
Na Graciosa a gestão de expectativas é uma rotina anual
consagrada em planos e orçamentos de autarquia e governo regional, com a bênção
e cumplicidade dos políticos locais dependentes do partido do poder e que
passam o tempo a amanhar umas desculpas e umas supostas razões para não
acontecer o que estava previsto e para não cumprirem a tempo e horas o que
haviam prometido.
Geralmente, depois, vem o ano de eleições e tudo parece ter
uma solução à vista. Uma solução que, segundo eles, só tem como condição mais
um voto no partido do poder para que esse poder resolva os problemas que não
resolveu nos anos anteriores.
E são cada vez mais os anos a passar e a ilha mais pequena
do Grupo Central a ver-se a braços com maiores dificuldades e cada vez mais
isolada.
São os jovens que não encontram soluções para se fixar na
ilha, é a falta de empregos escondida no emprego social que, no caso da
Graciosa, apenas assegura precariedade e desigualdade. É o abandono da ilha em
termos de transportes, nomeadamente os marítimos, e a ausência de um verdadeiro
serviço público que assegure à economia local alguma possibilidade de
desenvolver projectos e investimentos. É a saúde que teima em gerar a falta de
confiança dos habitantes da ilha, atormentados de casos inexplicáveis e
impróprios de um serviço regional de saúde de um país da União Europeia.
Não faltam na Graciosa promessas adiadas, esquecimentos
inaceitáveis e desculpas esfarrapadas do socialismo instalado no poder regional
e local, e perante mais um plano e orçamento das entidades que têm a
responsabilidade de promover o desenvolvimento económico, social e humano desta
pequena ilha, apenas resulta a costumada receita de tudo prometer mas sempre
para um dia mais tarde.
Na ilha Graciosa, uma ilha de pequenas dimensões e terreno
pouco acidentado, nem uma estratégia de combate à praga dos ratos as entidades
públicas regionais são capazes de pôr em prática.
Como a ilha tem cada vez piores transportes marítimos e
deixou de ter um serviço público que vá ao encontro das suas necessidades,
talvez exista uma explicação para haver cada vez mais ratos pelas ruas
Graciosenses; é que, como diz o provérbio: "os ratos são os primeiros a
abandonar o navio"!