A Associação de Pescadores Graciosenses
realizou na tarde de Quarta-feira um Seminário sobre o tema “A Apanha de Algas”.
As
algas são há muito utilizadas nos Açores, quer para servirem na alimentação,
constituindo uma iguaria na cultura gastronómica em algumas ilhas, quer para extracção
de hidrocoloides (agár-agár). Neste ultimo caso, esta pesca já suportou uma
indústria com alguma importância económica, gerando emprego na ilha da
Graciosa.
Uma actividade que foi reiniciada há 3 anos pela Associação de Pescadores Graciosenses e que tem
vindo aumentar de ano para ano, mostrando-se como mais uma importante forma de
rendimento para os Graciosenses.
Lázaro Silva, presidente da Associação de
Pescadores, disse que tem sido uma iniciativa bem acolhida, contando com cerca
de 60 a 70 apanhadores na Graciosa, mas também a actividade está a começar na
Terceira e São Miguel, sendo a associação Graciosense a responsável pela
recolha das algas para exportação para uma empresa luso espanhola.
Em representação de Ana Neto, da Universidade
dos Açores, Rita Patarra deu a conhecer que actualmente são 15 a 20, as espécies
de algas comercializadas na Europa e no nosso país são apanhadas em toda a
costa de Portugal continental e das ilhas açorianas.
Esta investigadora referiu que as algas devem
ser cortadas e não arrancadas, pois só assim se conseguirá manter os stocks. A
alga ao ser arrancada deixa na pedra um lugar vazio, onde nunca mais volta a crescer,
pois as algas invasoras aproveitam esse espaço.
Uma técnica que pode dificultar um pouco a
apanha, mas que vai garantir que haja algas por muitos anos.
João Dias, representante da IberAgar, disse
que as algas que a empresa tem comprado na Graciosa são de qualidade e são por
isso utilizadas para uma indústria muito específica de biotecnologia.
Da alga da Graciosa é produzido um produto
muito específico chamado agarose.
Fausto Brito e Abreu, Secretário Regional do Mar
Ciência e Tecnologia, esteve presente no evento para falar sobre oportunidades
para a criação de rendimento.
A apanha de algas é, para o secretário, o
exemplo daquilo que se pode fazer para arranjar outras formas de rendimento,
ligadas ao mar.
O secretário regional realçou ainda a
importância de que os ecossistemas estejam protegidos e que a actividade de
apanha de algas seja praticada de forma sustentável.
A lei impõe que as algas passem pela lota,
ainda molhadas, o que gerou algum desconforto nos presentes, pois torna-se mais
difícil o seu transporte, uma situação para a qual o secretário mostrou-se
sensível.
O Secretário Regional do Mar elogiou o trabalho que está a ser desenvolvido pela Associação de Pescadores Graciosenses, que apanha e exporta algas para as indústrias alimentar, farmacêutica e biotecnológica.
“Na ilha Graciosa a apanha de algas para exportação está a funcionar como uma atividade complementar dos pescadores que rendeu cerca de 80 mil euros nos últimos dois anos”, referiu.
Brito e Abreu destacou ainda o potencial gastronómico das algas, área em que considerou “haver espaço para inovar, com novos pratos”, podendo funcionar como um atrativo turístico.
A promoção de atividades ligadas ao mar que garantam rendimentos complementares aos pescadores, como a cultura e a apanha de algas, e o melhor uso do conhecimento científico são medidas defendidas no plano “Melhor Pesca, Mais Rendimento” apresentado em abril deste ano pelo Governo dos Açores.
A apanha de algas pode ser feita até aos 10
metros de profundidade, os apanhadores de algas passarão a ter uma licença e
também um diário de apanha, fornecido pela Associação de Pescadores
Graciosenses.