Uma saúde doente
Esta não é a primeira vez que aqui falo dos problemas da
saúde na ilha Graciosa, mas gostaria de que fosse, esta, a última vez.
Na sequência do acto eleitoral de 2012 para a Assembleia
Legislativa dos Açores, que na Graciosa deu uma expressiva vitória ao PSD, o
primeiro acto público dos deputados eleitos pela Graciosa nas listas do PSD foi
uma conferência de imprensa em que se pedia a substituição da administração da
unidade de saúde da ilha.
Tinham passado as eleições, não se estava em campanha
eleitoral, não havia votos para conquistar e, também por isso, não se podia
acusar os recentes eleitos de eleitoralismo ou de procurar na desgraça alheia
mais um punhado de simpatias políticas.
Na verdade, tratou-se de dar consequência àquilo que
considerámos ter sido uma das razões que levou os graciosenses a confiar no PSD
e na lista proposta para a Assembleia Legislativa.
Tratou-se, de facto, de corresponder ao que, já em 2012,
muitos graciosenses nos pediam insistentemente: a substituição da maioria dos
elementos do conselho de administração da unidade de saúde.
Tal atitude não foi um acto isolado, já antes havíamos
denunciado várias situações que penalizavam o acesso aos cuidados de saúde na
ilha Graciosa ou, simplesmente, as atitudes que reputávamos menos correctas e
que revoltavam o comum dos cidadãos. Depois disso voltámos a denunciar, a
alertar, a questionar e a dar conta das queixas, das injustiças e dos muitos
relatos de verdadeira desregulação no acesso a cuidados de saúde numa ilha que,
pura e simplesmente, se sentia abandonada à sua sorte. Ou melhor, abandonada à
sorte dos interesses partidários e políticos de uns poucos.
Neste processo temos sido vilipendiados pelo poder que manda
na Graciosa, apelidados de maldizentes e, muitas vezes, acusados de demagogia
por insistirmos em tentar contrariar o que tem sido a contínua degradação na
saúde da ilha.
Aliás, conto já que mais este meu desabafo seja logo
apelidado de aproveitamento político.
As recentes denúncias públicas de verdadeira desumanidade
que vitimam cidadãos da ilha graciosa na sua relação com o serviço regional de
saúde são, apenas, a ponta do iceberg do que se tem vindo a passar com a
falência da saúde nos Açores.
Os casos agora conhecidos consubstanciam um sem número de
situações que não são, não podem ser, do desconhecimento das tutelas e das
administrações.
A saúde, na Graciosa, continua a piorar a olhos vistos,
apesar de continuar a haver profissionais que muito de si dão para que as
coisas não sejam ainda piores. E neste campo não podemos deixar de reafirmar
que existem profissionais de saúde de grande qualidade ao serviço na ilha
Graciosa, mas que sozinhos não podem dar a resposta que gostariam a utentes que
bem conhecem e de quem bem sabem das necessidades por que passam. Esse capital
humano também tem sido injustamente desperdiçado, ora porque o serviço regional
de saúde cria contínuas dificuldades, ora porque as politiquices punem, na
sombra, as opções de cada um.
Actualmente, ninguém sabe como é administrada a saúde na
Graciosa, pois apenas um elemento do conselho de administração está em funções,
e talvez seja isso mesmo que se tem verificado ao longo da última década.
Talvez seja tempo de alguém assumir responsabilidades e
talvez já fosse mais do que tempo de dar um novo rumo à saúde na ilha Graciosa!